Hoje, dia 11 de julho, comemora-se, e com muita justiça, o Dia dos Mestres de Banda. Acho que vale a pena contemplar uma homenagem a Paulo Moura estendendo a seu pai, Pedro Moura, que foi mestre de banda em São José do Rio Preto, e também seu primeiro professor e parceiro musical.
Os mestres de banda são, sem dúvida, referência de toda a consciência universal que a música brasileira contempla em sua multiculturalidade. Esses mestres devem ser considerados como um dos patrimônios da cultura brasileira por formarem uma imensa massa de profissionais de qualidade da nossa música.
Um dos personagens mais constantes de minha infância tinha nome de gente, mas era banda: a "Banda Municipal Maestro Azevedo", de Poços de Caldas, que tocava e ainda toca todo domingo de manhã no coreto do jardim do Pálace.
Algumas vezes, adolescente, eu ficava planejando com Wilson Danza, meu colega de pífaros na fanfarra dos Marista, o que iríamos fazer depois de aposentados. Voltaríamos para Poços e comporíamos dobrados para a banda. Wilson morreu cedo, em 1974, de morte besta quando cursava medicina em Belo Horizonte. Nos vinte anos de sua morte foi homenageado pela faculdade e, só então, soube que ele tinha deixado vários dobrados compostos, que nem sei se foram incorporados ou não ao repertório da nossa "furiosa".
O Brasil tem uma legado rico de dobrados e marchas militares. Anos atrás a coleção "Revivendo" reeditou alguns desses clássicos. Mas a história dessa música ficou restrita às corporações de bombeiros e das Forças Armadas, ou às bandinhas municipais. E, no entanto, muitas delas têm o vigor das composições clássicas do luso-americano John Phillip de Souza, o mais conhecido dos autores de dobrados do mundo.
o dia mencionei aqui a banda e recebi uma carta de Joaquim Edmar Azevedo Zagatti, neto do maestro Joaquim Lourenço de Azevedo Filho, o "maestro Azevedo", com vários recortes de jornais da região sobre sua morte, em 1952. Por elas, fico sabendo que o maestro foi autor de uma canção de ninar fulminante –"Dorme, dorme filhinho / meu anjunho inocente / dorme, queridinho / que a mamãe fica contente". Havia uma segunda parte tristíssima: "O mundo é mesmo triste / eu bem sei, posso afirmar / Ainda há quem resiste / dores de não suportar".
Lembrei-me de imediato dos meus 5 anos, resistindo ao sono, minha vó Martina me pegando no colo e cantando essa canção. Eu só balbuciava "essa não, vó, que eu durmo", e cataplum! –dormia na hora.
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